Projeto de um documentário sobre o pintor Iberê Camargo
Era assim que ele gostava de ser chamado:
PINTOR
em fase de captação
Em 18 de novembro de 1914 em Restinga Seca no Rio Grande do Sul, nascia o pintor Iberê Camargo, um homem que pintava, raspava, repintava numa sequência de gestos até chegar numa pintura que para ele nunca era finita. Seu pai era o agente da estação da Viação Férrea. Aos 4 anos começou a desenhar o seu entorno, suas referências, rascunhos os quais anos depois lhe trariam uma vida artística inusitada e repleta de feitos.
Através da trajetória de Iberê, este projeto visa resgatar e divulgar a história do artista, conhecido principalmente no meio cultural. Ao reconstruir o seu percurso, vamos também recuperar não só o âmbito artístico em si, mas todo um período social, político e cultural da segunda metade do século XX. Contribuir para a preservação e propagação da memória das artes plásticas no Brasil é a nossa missão como produtores brasileiros.
LILIGO Produções, representada pela diretora Elisa Gomes e junto com o diretor Hugo Kovensky propõem esse filme com o objetivo de divulgar a obra de um dos mais importantes artistas do século XX. Além disso, visamos proporcionar ao público o conhecimento e a reflexão sobre um período relevante da arte brasileira.
O documentário está baseado na pesquisa sobre a obra do artista dentro da Fundação Iberê, levantamento de arquivos e imagens nas principais mídias do país e do exterior, além de entrevistas com colaboradores, artistas, críticos que conviveram com Iberê como Rodrigo Naves, Paulo Herkenhoff, e os artistas Regina Silveira e Carlos Vergara, que foram seus alunos. Faremos mais de 20 entrevistas que ficarão à disposição no acervo da Fundação. Maria Coussiart, esposa do artista, foi responsável pela organização do arquivo e doadora de uma coleção de mais de 5000 itens que serviram de base para o acervo e que já está à nossa disposição. Combinado a isso, trabalharemos com a roterista Marta Góes e a pesquisadora Eloá Chouzal.
Esse é um projeto de memória.
Foram fundamentais os muitos anos no Rio de Janeiro onde Iberê teve seu talento reconhecido e o descobrimento de um efervescente ambiente artístico que se instalava na ainda Capital do Brasil. Mudou-se para o Rio em 1942 com uma bolsa de estudos. Foi aluno de Guignard, ficou amigo de muitos artistas como Goeldi, Santa Rosa, Portinari, Djanira e principalmente Elisa Byington com quem repartia as aulas e que patrocinou o Grupo Guignard. Iberê morou também no exterior entre 1947 e 1950 como fruto de um prêmio no Salão de Arte Moderna do Rio. Lá foi aluno de De Chirico em Roma e de Lothe em Paris.
Iberê desenvolveu vários talentos sendo a mais conhecida a de pintor, de óleos, guache, desenhos e as famosas gravuras. E era assim que gostava de ser tratado como pintor. Porém essa atividade lhe trouxe outras possibilidades como seus contos, a tapeçaria e a cerâmica que podemos considerar obras marginais.
O fio condutor da narrativa será traçado através de uma linha do tempo com várias entrevistas que Iberê deu à Radio Universitária de Porto Alegre falando da sua produção e que serão entrelaçadas com cartas escritas por Maria Coussiart para familiares, amigos e artistas falando do cotidiano e das experiências vividas pelo casal. Assim, teremos as vozes de Iberê e Maria.
Tendo demarcado essa linha, a ideia é costurar as informações recolhidas como: os vídeos de Iberê trabalhando; as entrevistas; momentos marcantes como o Salão Preto e Branco articulado por Iberê e Djanira contra a taxação da importação de materiais artísticos; o painel encomendado para a OMS-Organização Mundial da Saúde em Genebra; uma seleção do material pesquisado; e o incidente do assassinato no Rio de Janeiro.